Qual é o significado da Santidade?

Qual é o significado da Santidade?

Quando nos encontramos com Deus e nos rendemos a ele (ou assumimos compromisso com ele), é comum pensarmos: como ser uma pessoa de Deus quando, muitas vezes, nos vemos diante da nossa fragilidade humana e dos nossos pecados? É possível ser uma pessoa de Deus mesmo sendo pecadora?

Especialmente quando erramos após a nossa aproximação de Deus, nos questionamos se somos merecedores de salvação, se somos dignos de levar a palavra de Deus adiante quando falhamos em vivê-la em nossa própria vida.

Podemos sentir até mesmo vergonha de Deus, e ficarmos constrangidos por sua onisciência. Como Adão e Eva, que ao cometerem o pecado original, tiveram vergonha quando perceberam que Deus os via. E que, por consequência, sabia que haviam pecado.

Às vezes queremos acreditar que as pessoas não tem pecados. Como se, de certa forma, a falta do pecado validasse a credibilidade dessa pessoa. E quando nos deparamos com um irmão e descobrimos que aquela pessoa, a quem muitas vezes admiramos, também comete erros, ficamos inseguros. E podemos nos questionar se Deus está mesmo nela, já que também peca.

É possível ver o mesmo homem ou mulher de Deus, em uma pessoa que se provou ser humana?

É no reconhecimento de nossa vulnerabilidade que podemos abrir nosso coração para a ação redentora de Cristo. Neste caso, como podemos lidar com a sensação de que falhamos com Deus, com o nosso Carisma?

A origem dessa angústia vem da ideia de que a Santidade é a ausência de pecado.

No entanto, o único que possui a Santidade com a ausência do pecado é Deus. Como escrito em Eclesiastes, 7:20: “Não há um só justo na Terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque”.

Mas então, o que é a Santidade?

Para nós, a verdadeira Santidade não é a finalidade, mas a busca. Não é sobre não ter nenhum pecado.

Quando em João 8:1-11 Jesus diz à mulher adúltera: “Vá e não peques mais”, não é uma ordem definitiva, como se a partir daquele momento, ela nunca mais pudesse pecar. Pois sabemos que isso é impossível. Com a herança do pecado de Adão e Eva, já nascemos pecadores.

É, na verdade, sobre a mudança de hábito e a tentativa; a intenção constante de se conscientizar sobre os próprios erros e melhorar. Tentando evitá-los, sim, mas tendo misericórdia consigo mesmo quando não puder, como Jesus teve.

A partir daquele momento, quando Jesus liberta a mulher adúltera, ela ainda irá encarar as consequências de suas falhas, mas agora elas não a definem como pessoa.

Nós sempre estaremos sujeitos ao pecado, enquanto vivermos na Terra. É a busca por Deus e a aproximação constante d’Ele que fará com que possamos resistir ao pecado.

Ser uma pessoa de Deus não te torna imune ao pecado

Todos os grandes profetas cometeram erros. Os mesmos temores e tentações que assolaram Elias, Salomão, Pedro, Paulo e Davi nos assolam também. Paulo tinha até mesmo um espinho na carne, para lembrar-lhe de não se desviar do caminho. Mas isso não tira sua credibilidade enquanto profeta.

É por isso que Sansão recupera sua força após o pecado. Mesmo pessoas consagradas, separadas por Deus para um propósito, estão sujeitas a tentações.

É por isso que a Bíblia inclui também seus erros, e não somente suas virtudes. Para que saibamos que aqueles a quem admiramos passaram pelas mesmas provações e é possível superar nosso pecado e cumprir nosso Carisma.

É na superação do pecado que o propósito do sacrifício de Jesus se concretiza.

“Vá e não peques mais” não é uma sentença, mas justamente uma nova chance.

Como viver a Santidade?

É preciso que façamos valer o mandamento de Jesus para amarmos uns aos outros e, no amor, termos misericórdia de nossos irmãos, perdoando (link do artigo sobre perdão) como Deus nos perdoa.

A Graça de Deus se derrama sobre nós quando confessamos nossos pecados e nos permitimos ser vulneráveis. Como na parábola em que o Fariseu e o Publicano foram ao templo:

“Para algumas pessoas que confiavam em sua própria justiça e menosprezavam os outros, Jesus contou ainda esta parábola: “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava em seu íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: roubadores, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. Entretanto, o publicano ficou à distância. Ele sequer ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, confessava: ‘Ó Deus, sê benevolente para comigo, pois sou pecador’. Eu vos asseguro que este homem, e não o outro, foi para sua casa justificado diante de Deus. Porquanto todo aquele que se vangloriar será desprezado, mas o que se humilhar será exaltado!”

Por que o que é o amor, senão não ter que se esconder ou proteger do outro? O verdadeiro amor é ser visto em sua totalidade: os defeitos e as virtudes, e ser aceito.

Porque pecadores somos todos. Quem precisa da Graça são justamente os pecadores. É o amor que transforma, mesmo quando não merecemos.